Bem, deveria ser o VI, mas o Blogger não deixou. Adiante, com notas atrasadas e outras apagadas:
1) Na metapolítica interessa-nos o despeito: já repararam que de cada vez que dizem "num país civilizado, Sócrates seria riscado eleitoralmente", arriscam-se a ficar com uma nação de ganguelas nas mãos? Mais: se assim acontecer, andaram então a fazer campanha para um povo de canibais.
2) Passos Coelho esteve muito desconfortável no debate com Paulo Portas. Sempre inclinado para a frente, traduzindo expectativa excessiva e o hábito de ser instruído. A certa altura deixou de sorrir, o que interpretei como sinal de risco. Em comunicação, quando abandonamos a nosso ritual simbólico é sinal de que estamos inseguros acerca da vantagem retórica do mesmo.
3) Quando escutamos o dr. Catroga não necessitamos de o ver. Catroga é plano, raso, em sede de influência . O que diz , para o bem e para o mal, é suficiente. Sócrates é o inverso: a sua força comunicacional, verdadeiro pathos ( porque desencadeia alterações de humor na plateia) vem da imagem.
As frases de Sócrates - quase sempre as mesmas, o que transtorna os adversários -, a sua combinação, são o que Broch chamava unidades superiores. A "narrativa", que os jornalistas e comentadores agora usam até para puxar o brilho aos sapatos, não é para aqui chamada. Não há narrativa nenhuma, porque as unidades superiores são apenas elementos de ligação acumulados: provocaram uma crise política é independente de defender o estado social. De certa forma, uma acção de guerrilha, sem centro e sem flancos.
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