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sábado, 14 de maio de 2011

METAPOLÍTICA (V):

Bem, deveria ser o VI, mas o Blogger não deixou. Adiante, com notas atrasadas e outras apagadas:

1) Na metapolítica  interessa-nos o despeito: já repararam  que de cada vez que dizem "num país civilizado, Sócrates  seria riscado eleitoralmente", arriscam-se a ficar com uma nação  de ganguelas nas mãos? Mais: se assim acontecer, andaram então   a fazer campanha  para um povo de canibais.

2) Passos Coelho esteve muito desconfortável no debate com Paulo Portas.  Sempre inclinado para  a frente, traduzindo expectativa excessiva e o hábito de ser instruído. A certa altura deixou de sorrir, o que interpretei como sinal de risco. Em comunicação, quando abandonamos  a nosso ritual  simbólico  é sinal de  que estamos  inseguros acerca da vantagem retórica do mesmo.

3) Quando escutamos  o dr. Catroga não necessitamos  de o ver. Catroga é  plano, raso, em sede de influência . O que diz , para o bem e para o mal, é suficiente.  Sócrates é o inverso: a sua força comunicacional, verdadeiro pathos ( porque desencadeia alterações de humor na plateia) vem da imagem. 
As frases de Sócrates - quase sempre as mesmas, o que transtorna os adversários -, a sua combinação, são o que Broch chamava unidades superiores. A "narrativa", que os jornalistas e comentadores agora usam até para puxar o brilho aos sapatos, não é para aqui chamada. Não há narrativa  nenhuma, porque as unidades superiores são apenas elementos de ligação acumulados: provocaram uma crise política é independente de defender o estado social. De certa forma, uma acção de guerrilha, sem centro e sem flancos.

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