Envelhecer é aborrecido, mas não deve roubar lucidez. O tom paternalista com que a dita geração à rasca/ deolinda é tratada é sintoma de encortiçamento mental. Começa porque não se paternaliza a realidade. Depois, regista-se um tom irritado - " o que querem estes tipos? - que indicia , pelo menos, um sentimento de culpa: o que criámos?
A tal geração não é espontânea. É produto de escolhas feitas pelas anteriores. Por exemplo: quando passámos todos estes anos a viver à grande e à francesa, é óbvio que estimulámos um ilusório clima de bem estar. E quando fornecemos à tal geração diplomas para trabalhar em cenários inexistentes, por que haveríamos de esperar gratidão?
Sei bem que nesta história não há inocentes. Dei , durante muitos anos, aulas no ensino superior privado. Conheci a indigência intelectual e o novo-riquismo de pechisbeque de muitos elementos da tal geração. Acontecem duas coisas: estes moços não são todos iguais e, ainda que fossem, a responsabilidade seria sempre do mais velhos. Dos instalados, como eles, mal ou bem, lhes chamam.
Um sintoma de enfraquecimento do laço social é o da fractura temporal. Não me refiro a costumes, bandas de música ou roupas. Falo de uma fractura mais reptiliana. A tal geração já não quer, como as anteriores, mudar o mundo dos mais velhos. A tal geração quer um mundo igual ao dos mais velhos.
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