Freddy Odhiambo nunca soube fintar. Quando jogava na rua, em Thika, 40 km a nordeste de Nairobi, o seu pensamento era colonial. O seu tio , não era bem tio, era um dos amantes da sua mãe - prostituta nas horas que os oito filhos lhe deixavam vagas - contava-lhe antigas histórias de caça dos homens brancos nas margens do rio Thika ( que faz parte da bacia do Lago Tana) e também mais para oeste, no lago Naivasha ( de Nai'posha, águas selvagens). Aí caçou um branco chamado Black, Alan Lindsey Black. Este caçador branco tinha nome de negro e caçou leões com um rancheiro, e também caçador, Paul Rainey, dono de milhares de cabeças de gado no Falcon Glen, nas margens do lago. Black caçava com cães , o que levou a que um oficial inglês , encarregado das licenças de caça, tivesse relatado para Londres: Foi quem matou mais leões este ano ( 1911), mas não é certo que o seu método seja desportivo.
Odhiambo conseguiu chegar à primeira equipa do Thika United em 1989. Tinha então 19 anos. Como não sabia fintar e andava sempre com fotocópias velhas e amarfanhadas de livros de histórias de white-hunters, não teve vida fácil junto do seus companheiros. Odhiambo gostava de jogar a trinco e via os médios adversários como os cães de Black. Ele era o leão que não sabia fintar. Ainda assim, acabou por conquistar um lugar na equipa, mas os seus camaradas nunca o convidaram para as bebedeiras de changaa nos bares da Kiambu Road.
Odhiambo tem hoje 41 anos e trabalha na construção civil. Não tem mulher e prefere as prostitutas ugandesas de Nairobi, onde vai uma vez por mês.
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