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terça-feira, 22 de março de 2011

 FUTEBOL KIKUYU (II):

Freddy Odhiambo nunca soube fintar. Quando jogava na rua, em Thika,  40 km  a nordeste de Nairobi, o seu pensamento  era colonial. O seu tio ,  não era bem tio, era um dos amantes da sua mãe  - prostituta nas horas que  os oito  filhos lhe deixavam vagas - contava-lhe antigas histórias de caça dos homens brancos   nas margens do rio Thika  ( que faz parte da bacia do Lago  Tana) e também mais  para oeste,  no lago Naivasha ( de Nai'posha, águas selvagens). Aí caçou um branco chamado Black, Alan Lindsey Black. Este caçador branco tinha nome de negro e caçou leões com um rancheiro, e também caçador, Paul Rainey, dono de milhares de cabeças de gado  no Falcon Glen, nas margens do lago. Black caçava com cães , o que levou  a que um oficial inglês , encarregado das licenças de caça, tivesse relatado para Londres:  Foi quem matou mais leões este ano ( 1911), mas não é certo que o seu método seja desportivo.
Odhiambo conseguiu  chegar à primeira  equipa do Thika United em 1989. Tinha então 19 anos. Como não sabia fintar e andava   sempre com  fotocópias velhas e  amarfanhadas de livros  de histórias de white-hunters, não teve vida fácil junto do seus companheiros. Odhiambo gostava de jogar a trinco e via os médios  adversários como os  cães de Black. Ele era o leão  que não sabia fintar. Ainda assim, acabou por conquistar um lugar na equipa, mas os seus camaradas  nunca o convidaram  para as bebedeiras de changaa  nos bares da Kiambu Road.
Odhiambo  tem hoje 41 anos e trabalha na construção civil. Não tem mulher e prefere as prostitutas ugandesas  de Nairobi, onde vai uma vez por mês.

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