Sebastião da Gama. Passei a apreciar mais a poesia de Sebastião da Gama, quando, há cinco ou seis anos , li um texto de Ruy Belo na Rumo. Gama vagueou por revistas e projectos, mas faz parte dos que não receberam a benção revolucionária pós-74. Um dos pecados deve ter sido o de ter colaborado na Távola Redonda ( de Mourão-Ferreira) onde também escrevia Goulart Nogueira. Este bicho do teatro ( traduziu Kleist e Strindberg e adaptou Goethe e Racine para a rádio) foi um dos intelectuais do regime. Escreveu abundantemente nos orgãos próprios e dirigiu a Oficina de Teatro da UC , um dos pontos de apoio da extrema (e da pouco extrema) -direita coimbrã ( Lucas Pires, Júdice, etc) reunida em torno do Combate e da Tempo Presente ( Valle de Figueiredo, Sá e Cunha, etc).
Já vai longa a digressão. Retornemos a Sebastião, dono de uma poesia directa e de uma morte tuberculínica sob os poentes do Portinho da Arrábida. Este vale a vossa visita:
Os que vinham da Dor tinham nos olhos
estampadas verdades crudelíssimas.
Tudo o que era difícil era fácil
aos que vinham da Dor directamente
( Campo Aberto, 1951)
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