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quinta-feira, 24 de março de 2011

FUTEBOL KIKUYU (III):

Augustine Omondi jogou   (  entre  1985 e 2001)  toda  a vida no Chemelil Sugar FC, pertencente à Chemelil Sugar Company, no Nyando. Vivia em Kisumu ( era ajudante de mecânico)  e fazia todos os dias um total de 100 quilómetros. O clube da empresa oferecia boas condições, mas Augustine  não sabia isso. Não lia jornais, não via televisão ( pelo menos programas desportivos como os europeus), não viajava. O seu prazer  era ficar lá na ponta direita, receber na passada as bolas altas que  os companheiros lhe punham à frente, correr desalmado para a linha de fundo e centrar. Fazia lembrar o Padinha, esse extremo-direito lançado pelo Lajos Baroti ( ou pelo Eriksson, já não me lembro bem), que se especializou também  num único movimento.
Augustine era daqueles homens tão simples, que nunca estão verdadeiramente alegres nem zangados. Comia o que havia  - primeiro em casa da mãe, depois em casa de Aleta, companheira que lhe deu três filhos-, bebia o que lhe davam, fazia o que tinha de fazer. Estava sempre tudo kabisa msuri ( absolutamente bem). Não tinha muitos amigos porque não era de disputas.
No ano passado, soube que Augustine estava doente de coisa  ruim. Não entendi  tudo, talvez uma infecção mal tratada, um foco pneumónico que  deu para  o torto. Imagino-o sozinho, no pequeno hospital em Kisumu. Sempre sereno,  educado e paciente.
Quem diz que vemos a força?

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