MEIAS TINTAS:
Um aspecto marcante da nossa vida pública, desde a normalização democrática ( circa 1978), é o de termos vivido numa prática capitalista com uma cultura de esquerda. Por exemplo: suculentas negociatas, mas SNS gratuito. Outro exemplo: consumismo desenfreado, mas burocracia esmagadora.
O ideal seria limpar isto. Ou passamos a viver numa cultura capitalista - cada um trata de si e a Igreja trata dos pobres - ou adoptamos uma verdadeira prática socialista: acabam-se os sonhos de viagens a Cancun para as repositoras dos hipermercados. Ambas as opções envolvem grandes tumultos, mas com diferenças. Na opção capitalista, fogo lento e muita munição 7.65mm NATO; na escolha socialista, uma purga e prisões sólidas.
Claro que podemos sonhar. Voltar atrás no tempo. Apagar Tordesilhas e certificar Camões como genovês. Ir ao início do século XX e decretar uma república luterana. Pousar nos anos 70 e incluir nos programas escolares o espírito das hojskole dimarquesas em vez da teoria geral dos grandes lábios. Também podíamos encontrar o Prestes João e não se falava mais disto.
Em qualquer dos casos, não esquecer: redigir apenas 893 leis novas por ano. Os especialistas dos pareceres jurídicos fariam serviço cívico para desentorpecer as pernas.
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