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terça-feira, 31 de maio de 2011

O MEU VOTO:

O voto é instrumental - serve para definir as prioridades que cada um defende. Do meu ponto de vista, nos próximos anos a prioridade máxima será  a protecção dos que mais  vão sofrer  com o empobrecimento generalizado e com o derrame  de direitos fundamentais. O partido que melhores garantias me dá de fazer essa protecção é o PCP. O meu voto será, portanto, na CDU.
Sim, eu só veria um imaginário mundo comunista em Portugal através das grades de uma cela ( na melhor das probabilidades). Acontece que o mundo real, o de hoje,  dos comunas é um mundo de respeito, solidariedade e honestidade. Estão aptos a defender quem eu entendo que vai necessitar de ser defendido.
E não, não precisarei de tapar o símbolo na hora de votar. O que se faz livre e conscientemente não envergonha e é até um prazer malandro poder votar  num partido comunista existindo um amplo  leque de alternativas.
DESDE QUE VI UM PORCO ANDAR DE BICICLETA:

Ainda  continuo a admirar-me. Ontem, na RTP-N, vi Rui Moreira,  que já fez 23858765 elogios aos Super-Dragões, e é especialista  em lambadas à porta do Shis, comentar o caso do vídeo dos pontapés a uma jovem:  "Isto, a juventude,  a violência, isto está uma desgraça, tem de haver punições exemplares, etc"..
PROBLEMAS , SUPOSTAMENTE, DE OUVIDOS:

"É por estas e por outras que o nosso jornalismo está como está" ? Todo? Só algum?  Quais os critérios? O meu caro Luís Naves deve estar indignadíssimo.
Dos ouvidos, o jornalismo deste  texto está de certeza doente. Leiam os comentários e esperem ( sentados, provavelmente*) para saber onde   o meu também caro Pedro Correia e  Francisco Almeida Leite ( jornalistas) ouviram JPP queixar-se, na Quadratura,  de ter sido excluído das listas de deputados.


* Confirma-se. O Pedro Correia pura e simplesmente não responde. Estou esclarecido.
SENHORA MORTE (IV):

Um dos muitos mistérios. Se sabemos que vamos morrer, por que  desperdiçamos tanto? Ando de volta disto há anos.
Ajudas. Píndaro. O desproveito é o que calha em sorte aos maldicentes. Está bem, mas não vai ao osso: os que se perdem com as vidas dos outros nem chegam a saber como  viveram.
Se para os homens a morte é necessidade, por que razão alguém se agarraria em vão, sentado nas trevas, a uma velhice anónima? Ora bem.
Sai uma resolução para a mesa oito: morre como se não esperasses viver.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

CHAMA-SE PASSOS COELHO:

"Também António Mega Ferreira falou sobre o principal adversário do PS nas eleições, mas em vez de nomear Pedro Passos Coelho referiu-se sempre a um “líder partidário cujo nome não me ocorre”.

E a mim ocorre-me o nome de Mega Ferreira, porque o li no livro de Pedro Feytor Pinto, o porta-voz de Marcello Caetano. Ocorre-me que Mega Ferreira trabalhou na Repartição de Imprensa Estrangeira , que dependia directamente  da marcellista   Secretaria de Estado da Informação , embora refira aqui as conversas pouco recomendáveis que Alçada  Baptista teve com Marcello Caetano.
Como o mundo é pequeno e os homens também, não é?
PRETEXTOS:

A crise e o resgate engendram outra maladia, tão ou mais infecciosa do que o empobrecimento: a inacção. Por exemplo,  quando o bastonário* da Ordem dos Advogados  se refere a  uma sentença de um juiz como sendo "terrorismo de estado". Isto não causa comoção, não importa, não significa nada?
O pretexto da crise vai encobrir a nossa incapacidade de tentar resolver problemas que não têm a ver com o dinheiro. Na justiça,  muita coisa dependerá das finanças, mas o terrorismo de estado de certeza que não.


* E repetiu que as prisões  são escolas de crime. Não se entende por que motivo estes  adeptos da escola da sociedade criminógena não defendem a pura e simples extinção das prisões.

domingo, 29 de maio de 2011

MARIA MADALENA NO BLASFÉMIAS:

Ou Angeli e o seu Ralah Ricota: "O líder do PSD levou um banho de uma multidão que se atropelou para o poder tocar e beijar".

SENHORA MORTE (III):

Os devoradores de homens são selectivos e, ao mesmo tempo, casuais. Tsavo e Rudraprayag,  sempre, porque chegaram  aos jornais imperiais. Centenas de outros. E, noutros matos, muitos mais. O que chamamos a alguém que viveu  50 anos com outra pessoa?
Comeu a voz, a carne, o riso, o despeito. Não fica saciado? Os grandes gatos também não.
SENHORA MORTE(II):

Vimos a esperança ( uma passadeira para peões diante do IPO),  vejamos a certeza.  Ninguém planeia  a vida a contar com  ela. Por exemplo, deixa-me ir ao Lago Tana antes que ela me leve. Ou:  Quero dizer-te  que não daria a vida por ti.  Por algum motivo, somos, no entanto, capazes de planear a falta  de arroz  ou chá na dispensa.
Estão enganados. Não é  por causa da inevitabilidade. É porque ela aloja-se-nos na pele. Ninguém dá conta dos pedaços de pele morta que se escapam para os lençóis.

SENHORA MORTE (I):

Atravessam  a rua em passo médio. Vão  sempre acompanhados. Se repararmos bem, amparados. Por debaixo da boina, chapéu  ou lenço, alguns têm  o  crânio liso. Muita discrição, deixaram o carro longe, vêm da serra para o IPO.
Sim, alguns sobrevivem, eu sei. Ela às  vezes deixa uns para dar o exemplo.


sábado, 28 de maio de 2011

MANIPULAÇÃO DESCARADA:

Tem razão o CC. Toda.  E já li bertoldinhos  benfiquistas:  dizem que para eles  o homem morreu  porque vota PS.
Ou seja, infantilismo rufia. E dizem-se muito preocupados com o estado do país
CULPADOS:

Crentes no socratismo, de certeza.
TRANSPOSIÇÕES:

Os organizadores dos  acampamentos europeus  queixam-se da diferença de tratamento e de adesão relativamente  às sublevações árabes. Julgam que estão a fazer a mesma  luta e por isso não compreendem  a discriminação. Há muitas coisas que não compreendem:

1) Não é difícil compreender que um europeu médio não necessite das  juvenis praças para  exprimir democraticamente. A menos que ceguemos face ao que conquistámos  nos últimos dois séculos. É por isso que os mais entusiastas da movida são os democratas de inspiração cubana, estalinista e Ho-Chi-Min style. Há um pequeno problema de tradução.

2) Os media, que não são parvos e têm de  fazer dinheiro com um mínimo de credibilidade,  não sabem como  vender a ideia de que os jovens enquadrados pelos seguidores de Badiou estão a lutar pela democracia. A comparação com as sublevações árabes acaba em dois planos:

a) No dos  costumes, uma  lisboeta  pode adormecer de mini-saia,  vagamente alcoolizada, no Rossio sem ser incomodada com outra coisa que não um pequeno-almoço no dia seguinte. No Cairo acordava algo combalida.

b) No político, os árabes não têm culpa do essencialismo ( a base do orientalismo) que assaltou os observadores europeus.  A revolta tunisina e egípcia  foi muito mais do que uma luta pela democracia. No norte de África, os homens e mulheres que decidem arriscar a vida em batelões decrépitos até Lampedusa,  não o fazem pelas ideias de Burke ou Tocqueville.

Que existe  um grave problema de representatividade nas democracias europeias, não se nega. Que muitos destes jovens estiveram, até hoje,  orgulhosamente apartados da política , idem. Agora tocou a sineta?  Sim, mas vai ser necessário levantar o acampamento. As batalhas não se ganham a bivacar.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

METAPOLÍTICA (XIII):

Venho do comício do PS,  no  Pavilhão da AAC/OAF ( Jorge Anginho), porque quis iniciar a cria mais  velha nestas lides.   Cheio, é verdade, mas também reduzido: cercado a feltro preto, só estava disponível o terreno de jogo. Um speaker  mais  oleoso do que o habitual, um discurso de  Ana Jorge  entre  o microlax e o diazepam, um bom discurso de Alegre ( pese a  arenga  sobre o neoliberalismo  para entreter  macotas). Entusiasmo genuíno ( os que tratam estas  pessoas como imbecis descerebrados deviam ir viver para Kandahar  ) da plateia face a duas bandeiras: O SNS  e a tradição socialista coimbrã. Ovação da noite à exigência de Alegre: Se excluem José Sócrates, excluem-me  a mim.
O osso. Deformação profissional, talvez, mas cheirei mais garra colectiva do que devoção ao líder ( ouvi dizer que  a JS de Coimbra não aprecia muito o  secretário-geral). Dá a ideia de autêntico cerrar de  fileiras.
Feitas as contas, talvez não  seja mau para o resultado eleitoral do PS.


Adenda: já li a história dos autocarros. Uma novidade enorme, talvez a maior desde a invenção da gasosa. O que é certo é que, do meu posto de observação , bispei dezenas de pessoas de Coimbra ( cumprimentei algumas, de outras fugi).  Vi o  que vi.
O EFEITO ZELIG:

 Passos Coelho é o Zelig desta campanha. Se estiver com caçadores, dispara, se estiver com conservacionistas*  maldiz a fisga; se estiver com produtores de arouquesa, come um T-Bone, se estiver com veganistas ilegaliza a carne; se estiver na Luz, fala do Apito Dourado, se for ao Dragão  pede  um autógrafo a Pinto da Costa.
Se estiver sentado está de pé.


* por acaso os caçadores são os maiores conservacionistas e também penso que  há um pedaço de bonomia genuína nesta faceta de PPC, mas nada disto vem ao caso agora. 

quinta-feira, 26 de maio de 2011

5.000$ UM LEÃO.
ACTUALMENTE:

O melhor blogue , não oficial, do FCP. E azul, como deve ser.
METAPOLÍTICA (XII):

A equipa deste  homem, para ganhar votos ( desta vez ao CDS), não é capaz de prometer a lua: esconde-a.
VENDILHÕES:

Não há paciência para os colunistas que ganham a vida a escrever sobre a campanha eleitoral  num tom de desdém e superioridade moral.
LER, LER, LER.
AS MONUMENTAIS:

Os comunas pintaram as escadas.  E muito bem. Todos os comunas que conheço são boas pessoas e as boas pessoas fazem boas acções. É aliás um caso interessante. O sistema que defendem é excelente, os sistemas que levaram à prática são criminosos e  as pessoas são óptimas: trabalhadoras, honestas e amiúde  inteligentes.
Coimbra tem o património histórico  da Alta  em cacos,  está  infectada por shoppings,  tem uma ex-futura linha de metro urbano  a rasgar a cidade, uma Baixa sórdida e entregue  a vagabundos e o problema foi uns baldes de tinta numa escadaria dos ano 40? Vão dar banho ao cão.
ALÁ SEJA LOUVADO: FINALMENTE A EXPLICAÇÃO.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

DA LINGUAGEM:

Discordo em absoluto da tese da justa indignação. Não é necessário  ir a Bocage: Fialho de  Almeida fazia  mais  com menos. Que autoridade terá JPP, para, no futuro, se queixar da linguagem de jovens  deolindas? Nenhuma. Nem para depois, enfadado,  lamentar a qualidade  do  ensino , da fraca  retórica e da desagregação do mundo em geral. 
Orwell  escreveu um pequeno artigo,  no Tribune ( na série  As I please, Março de 1944),  sobre a invasão da língua inglesa pelo martelo marxista. Poupo-vos a recensão ( leiam vocês) , mas imaginam:  banho de sangue, facada nas costas, pequeno-burguês, hiena, etc, Agora Sócrates é Hitler, Saddam e Drácula.
O marketing do  PSD não pode ser acusado do martelo marxista ( leninista e trotskysta para ser mais exacto).  Dir-se-ia que recorreu a figuras  da imaginação  popular, algures entre o Holocausto, a CNN e o   Bram Stocker cinematográfico.
Seria mais honesto  se as figuras do PSD tivessem utilizado cão raivosolacaio e chacal? A julgar pela bitola de JPP, seria, pelo menos , mais corajoso.
METAPOLÍTICA (XI):

As vozes independentes, sobretudo as partidárias, podiam desempenhar um papel normalizador na campanha. Tomemos, por exemplo, Marcelo  Rebelo  de Sousa e   Manuel Maria Carrilho.
O primeiro, que gosto de ouvir porque  é muito bom no que faz ( coisa rara na TV) , não tem conseguido escapar  a um olhar tutelar, como se tivesse aterrado ontem em Portugal. Das poucas vezes que tenta ( e tem tentado, sejamos justos), afunda-se na vichyssoise: bom para o camarote do S.Carlos, mau para o momento actual.
O segundo é intrigante. Sendo Carrilho  um homem prático ( enquanto ministro da Cultura subsidiou "As Lições  do Tonecas"),  o instinto de scavenger,  dirigido exclusivamente a Sócrates, instala no espectador uma dúvida : aquele azedume todo é político ou pessoal? Como tem deixado de fora o resto  do PS - e tanto que ele critica a socratização do partido -, a diferença conta e ainda vai contar mais no futuro.

OS CONSELHEIROS TÉCNICOS:

Marcello Caetano  recorria a um Secretariado Técnico. Nessa equipa brilhavam, segundo Feytor Pinto( livro já citado noutro post) ,  António Guterres, João Cravinho e Vítor Constâncio.  Três  questões:

1) Se o regime tivesse continuado,  esses personagens poderiam  ter chegado ao governo, mas a verdade é que, pouco tempo depois, ficaram  todos anti-fascistas.

2) Essas pessoas atravessaram a ditadura, o PREC, a normalidade, a adesão à CEE, as vacas gordas e agora as vacas magras. Isto é que  são as verdadeiras Novas Oportunidades.

3) Quando me lembro da campanha de chinela no pé contra Cavaco,  porque não pegou em armas nem foi para  a serra, não me apetece almoçar. Deve ser do calor.


terça-feira, 24 de maio de 2011

OS PEQUENOS VAGABUNDOS:


Os acampados nas praças europeias são todo um programa. Começa pelo estilo festivaleiro: tambores, boa disposição, música. Continua com o espírito  Cornélia: muitas artes  performativas, leituras de poemas,  espontaneidade e imensas reuniões para deliberar. Acaba na ordem unida: parasitados pelos maduros façon  LCI,  que os controlam e fazem telefonemas para as estações de televisão exigindo atenção.
Não são uma geração, são várias. E são gerações que, enquanto a vaca deu, diziam com orgulho que desprezavam  a política. Agora acampam , quais hologramas de um  Kerouac com espondilose. Não nos desviemos: têm razão,  esta vida não é para eles. Ou  vivem uma guerra ou definharão   como os velhos hippies.
Uma alternativa? Largar as boas maneiras e escaqueirar a fábrica social. Atacar esquadras, demolir bancos, roubar juristas, empalar políticos. À noite logo se vê.




A MEDALHA CERTA:

E Ribeiro e Castro, o advogado que iniciou o rasgar de contratos no tempo de Vale e Azevedo  ( e a quase ruína do clube)  e que, quando saiu,  mereceu  de Pinto da Costa um  fino comentário - " Os ratos abandonam o navio " -,  esteve na cerimónia.  Desta vez, recebeu um aperto de mão do presidente  do FCP.
Tudo está bem quando acaba bem.
 MEMÓRIA:

It is a well-known fact that, between the 16th and 18th centuries, the contemptuous imposition of the Sephardic Jews ultimately led to the replacement of the more ancient rites and traditions that had been practiced in Turkey and Greece. These included the Minhag Romania or the liturgical customs of the Byzantine Empire dating from the early centuries of the Common Era. The Minhag Romania, as ancient as the Italian rite, evolved based on the Palestinian traditions from the time of the Gheonim
AREIA PARA OS OLHOS:

Não se importaram com a referência ao "nosso juiz" ( ver escutas Pinto da Costa vol.4), entre  dezenas  de outras trafulhices,  bem provadas e melhor denunciadas,   e agora dizem que vão investigar uma coisa feita às claras e em público.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

 ALCALINE 12V:

-  Pascoaes, acredito que tenho dúvidas.
- A fé apoiada na incerteza ! Há lá visão mais dramática de Deus?!
METAPOLÍTICA (X):

As eleições  locais  espanholas confirmaram a velha lei da política, a que já aludi diversas vezes. Essa lei leva-me a crer numa vitória, apertada, do PSD. O resto da campanha obriga, no entanto, a algumas notas pós-desfecho:

1) Repetir à exaustão que só vota PS quem for imbecil, é capaz de não ser uma boa ideia, porque depois não saberemos  o que fazer a 32% ( ou 33%, tanto faz) de imbecis.

2) O PSD tem , em muitos comentadores, uma guarda de honra assumidamente liberal, que vai sofrer uma grande desilusão. O PSD  ganhará precisamente por que tem conseguido renegar  essa faceta ( saúde, educação, etc). Não é difícil prever bastos números de marido enganado.

3) Os jogos florais em torno de coligações pós-eleitorais revelam, infelizmente, o pior dos partidos. Se tudo é tão claro e necessário, por que motivo as coligações não são assumidas com antecedência? Simples: o que continua a importar é o poder de nomear. E o voto é uma caneta.

domingo, 22 de maio de 2011

 CEREALES VESTIDOS DE GALLETA:

- Bioy, do filho que perdi só recordo o riso.
- Desde há muito que era possível afirmar que já não receávamos  a morte  no que se refere à voz.
LEITURAS & INÍCIOS:

1) Com Mau-Mau no prelo, e a andar bem, graças à simpatia e competência da  Lúcia Pinho e Melo ( maison Quetzal) , outra aventura já se desenha. Não, escrever não é uma aventura nem uma epifânia ( qu'horror!): pretendo mesmo ser um pequeno escritor de simples aventuras, uma espécie de Enid Blyton do Benfica. 

2) Leituras. Dos cornudos: suas espécies e tipos, de Charles Fourier, edição da Cavalo de Ferro, 2004. São todos excelentes, mas o meu preferido é o cornudo misantropo:  "É o que, descobrindo a relação,  toma o mundo de ponta , pretende que o século está gangrenado e que os costumes estão aniquilados".
AMOSTRA MINERAL:

- Fiama, mentimos quando  sonhamos com a velhice?
- O passado de  job é o das imagens; estava nas areias bíblicas, via: há uma corda debaixo da terra.

sábado, 21 de maio de 2011

ADMINISTRADORES-MAMÍFEROS NAS KAPITI PLAINS.
"INCENTIBADOS":

Sim, mas não são como os   canalhas apanhados em certa escutas   a referirem-se a um juiz ( de direito) como "o nosso juiz".
"NÃO  É PELO AMOR DE DEUS, SÃO OS FACTOS":

Passos Coelho levou um directo de esquerda nos primeiros minutos (  a anterior opinião sobre o peso da  crise) , fez o seu  esgar de Jim Hacker e foi à vida . E foi bem. Ainda hoje, a treinar um jovem rogue, encaixei  vários  directos e ganchos nos primeiros minutos. No aguentar é que está o ganho.
PPC fez tudo o que que alinhavei na antevisão ( está aí mais abaixo).  Quase nunca se desviou  do guião, saltou  (como os leopardos) sobre  o seu programa,   centrou-se na garganta do adversário -  vocês falharam, vocês estão gastos- e não se deixou entrevistar. Reparem que os esgares à Jim Hacker, a partir do primeiro terço do debate, deram a vez a um sorriso complacente. Estava feito.
Sócrates, com a jugular aberta, a certa altura, pediu a ajuda do amor  de Deus. Uma boa ironia. Passos atirou-lhe"Não é por amor de Deus, são os factos".
Já vi, de relance, naquele tom ligeiro de trombeta, que muitos pensam  que isto está ganho. Não está. Lá iremos.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

CALMA, MENINOS:

É a lei, está tudo legal, vocês são só populaça e pasquins, a justiça não se discute. Bolinha  baixa.
O DEBATE DE HOJE:

Metapolítica pura. Está tudo empatado, o jogo está fechado, a única coisa que interessa é saber se o desafiante conseguirá assumir-se como tal. 
Se PPC se mantiver fiel ao argumento principal - vocês estão há seis anos no poder e falharam - e for capaz de o repetir sob mil formas, terá uma boa hipótese. Não sei  o que os conselheiros aconselharam. Dizem que a campanha tem sido regida por profissionais brasileiros e portugueses. Hoje não é dia de jogadores estrangeiros com pouco tempo de clube, hoje é dia de conhecimento do mato, dos ventos e dos bichos.
Sócrates vai fazer o que sabe: perguntas. Se PPC passar o tempo a defender a caldeirada programática do PSD, leva uma abada; se levar o jogo para cima do adversário, ou seja, se conseguir martelar  a ideia de que seis anos levaram ao FMI, tem meio caminho andado.
Um detalhe. Para que tudo isto aconteça, PPC terá de falar para os espectadores, para as pessoas ( o que irritará Sócrates  de sobremaneira) . Não será uma reunião de alcatifa, finda a qual o simpático organizador fará um resumo das contribuições dos intervenientes.



Nota: uma incontornável reunião social obrigar-me-á a assistir en diferido. Amanhã falamos.
 TITULAR DA CONTA:

-Montale, Eugenio mio,  o que se diz a um amor seguro?
-As palavras também servem quando não nos dizem respeito.
METAPOLÍTICA (IX):

1) Espantam-se com a resistência do PS nas sondagens. Reza a lenda que foi Virgílio a  cunhar a expressão ( expaentare) que ainda é muito utilizada ( em italiano)  na sua derivação latina - spavento. Basicamente, significa causar medo ( daí os espantalhos nos milheirais).
Parece que os desinteressados patriotas entenderam que tinha de ser agora, quando o real alcance do aperto ainda está muito longe de se fazer sentir. Claro que quem avisou  foram os  socretinos  de ocasião, os  bonzos do regime, etc. Aos patriotas, entre várias  aprovações da política socialista (do orçamento e PEC's avulsos ) e a urgência orgástica de eleições no mês que vem, só  interessou  o país.

2) Não me espantei, mas admirei-me: Fernando Nobre ganhou um debate. Hoje, contra Ferro Rodrigues.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

OS BARCELONITAS DE IMITAÇÃO:

Recusaram bandeiras portuguesas na final, mas exibiram as de toda a chafarica.O pormenor de obrigar Rolando a levar a bandeira de Cabo Verde( espero que o convoquem)  define esta gente .
Já dizia Ortega: um provinciano é aquele que, esteja onde estiver, julga-se o centro do mundo.
ÁGUAS DE PORTUGAL:

Sim, Passos Coelho  tem toda  a razão: a sociedade não é do  Estado. Pena só agora. 
Em Coimbra , muito pessoal político fez toda  a carreira na sociedade do Estado (delegação regional  do  Instituto da Juventude,  Águas de Coimbra, etc). E é gente ( já promovida  neste consulado ) que tem agora  a lata de falar em mudança.
ANARQUISTAS E MANIFESTANTES ? NÃO: CRIPTOFASCISTAS:


A técnica de intimidação é velha.  Por enquanto, só garrafas partidas, berros, provocação e medo nas pessoas comuns. Começa sempre assim, pelas marchas de provocação. 
Atacar uma esquadra? Está bem abelha.
 MINI CIGARRILOS:

-Bioy, sou cada vez mais triste. Só encontro prazer em negar,  adiar e, talvez, em prometer.
- Diga-me, senhor Bordenave, você não sente,  de vez em quando, como direi, uma dificuldade para o raciocínio?
FEYTOR PINTO:

O livro de memórias  tem uma  primeira parte desinteressante ( infância, juventude e Genebra) , da qual se aproveita  uma reflxão sobre  a educação à  antiga - pouco discurso  e muito exemplo - e uma ferradela em Teresa "Heinz-Kerry": Educada na África do Sul e na Suiça, diz-se agora moçambicana  e vítima do colonialismo português. Nada mau para um quasi Opus Dei.
A coisa  aquece quando o autor vai para  a Secretaria de Estado da Informação. Para já, uma nota: muito se tem falado do trabalho de Mário Crespo com Kaúlza de Arriaga, mas só ao ler livro soube o nome do outro ajudante-de-campo: Carlos Pinto Coelho. Curioso.
METAPOLÍTICA (VIII):

Ontem foi dia de zeroing. PPC apareceu a espaços, atirando impiedoso sobre  alvos precisos ( o desemprego, por exemplo) e vi Sócrates esbracejar, também a espaços, nas televisões. É tão evidente que o desemprego não se deve exclusivamente ao governo  como é óbvio que não estamos  neste estado porque o PSD chumbou o PEC IV. Acontece que, quando as pessoas engolem uns rissóis  ao almoço ou desfalecem  à noite  diante do aparelho, é o retrovírus da política que ataca.
Sócrates  ilude os observadores. Ele não se defende, só ataca. Isto é um pedaço aborrecido para quem o quer desalojar, porque inverte o sentido natural dos instintos. No debate final, é bem provável que PPC se tenha de defender da suave apreciação que  em 2009 fez dos quatro anos  de governação socialista. Irónico, não é? Lá iremos.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

COSMODISTRITAIS:

Cosmos? Palavra de honra? Bem, é a vida. Os favores são favores.
Na TSF, uma bracarense desalinhada da ortodoxia diz que Pinto da Costa comprou o árbitro. Eu confesso que gostei do juiz da soporífera  final da Euroliga ( o Alan parecia mesmo o Soneca) .
Ele há sementes, ele há sementes...
OS FORÇADOS:

Exceptuando dever tudo, em sede de escrita,  ao Francisco, praticamente não me lembro de mais nada.
Extinção do ministério da Cutura? Grave é ter de o dizer e fazer. Para cuidar do património e apoiar um punhado de artistas é tão  necessário um como uma pulga na cama. Bem, talvez para o bolinho de bacalhau sejam precisos uns quantos atoleimados.
Agora , meu gordo, vai ver esta página do Facebook e bebe uma Guiness por mim.
ANTENA BIOY CASARES (IV):

- Bioy, o que pensas  das reuniões sociais?
- Se os cães falassem, o seu idioma seria, talvez, pobre em indicações visuais, mas teria termos  para indicar matizes de cheiros, que ignoramos.
CLUBES REGIONAIS:

Ouço na TSF os adeptos do clube dono da Liga Norte  e do  outro, o que apanha as migalhas.  Jogam  hoje a Taça Europa na Irlanda ( mais excitante do que o chinquilho, mas menos electrizante do que um torneio de badmington) . O que eles gritam? O nome do SLB.
Assim é que é. A hierarquia é boa  e eu gosto.

Adenda:  tiveram de distribuir bilhetes pelas escolas de Dublin para encher aquela chafarica .
TALVEZ:

Os  dubliners ja saibam quem vai jogar. No outro dia , a RTP-N entrevistou  alguns. Um puto alvitrou  um Celtic Vs Milan, um homem calculou um Irlanda Vs Irlanda do Norte e uma senhora perspectivou  Braga and the other team.

terça-feira, 17 de maio de 2011

METAPOLÍTICA (VII):

Não sei quem são os conselheiros políticos de PPC ( alguns devem ser os génios que  sabiam tudo em 2009),  mas não os queria nem para porteiros da Sonae. Ele faz o que pode e fá-lo com dignidade.
O penteado mudou claramente. Deixou o cabelinho à  menino da Avenida de Roma dos anos  80 e adoptou um vincado risco lateral. Resultou bem ( ninguém gosta que lhe vendam aspiradores com o ar de quem passou por um), mas terminou aí o trabalho sério. Depois chegaram os conselheiros.
Começar um debate  a discutir economia com Louçã é fácil se formos economistas. O Duque de Alba foi misericordioso e acusou PPC de superficialidade. Umas 300 vezes. Na questão do pasquim da Madeira, PPC fez de Margaret Mead, que não percebeu que  dois  homicídios  numa ilha desabitada da Polinésia equivaliam ao triplo da taxa em Londres. Louçã, claro, fez de George H. Mead. Apesar  de tudo, PPC defendeu-se bem ( os outros meninos  fazem mais mal  qu'eu) . O pior, no entanto, estava para vir.
Os conselheiros políticos de PPC deixaram-no ir para a ponta final com duas definições: os desempregados são calaceiros imorais  e os maduros das  Novas Oportunidades são labregos que compraram ignorância a preço de ouro de lei. Louçã explicou que não se deve arrasar um programa  e só  depois pedir  a avaliação do dito. Contratem Louçã.
Tudo isto vai contar pouco. Por isso é apenas metapolítica.
 CERTEZAS:

Então e o casamento?
Achmet- Se alguém sonhou que fez sexo  com uma idosa desconhecida , terá prosperidade proporcional à  intensidade com que a idosa  o amou.
Kierkeggard - Sei que no coração da minha mulher bate um coração humilde,  tranquilo  e regular.
JARDIM E A COBARDIA DO PSD:

Bem me recordo, na altura escrevi sobre isso no Mar Salgado, da bela ideia de MFL andar  a refilar contra a asfixia democrática no continente e depois ir à Madeira fazer salamaleques a Jardim.
E isto é mais um retrato  de Portugal do que da Madeira, porque  há mais zonas do país  com ligações perigosas e  porque é a República que se cala.
ISSO AGORA SÓ COM GELO:


O que vos parece o amor eterno?
Empedócles Impossível surgir algo que não existe e inaudito perecer o que existe; pois  existirá sempre, no sítio onde alguém o colocar
Bioy - Terei de insistir em que todas as vidas, como os mandarins chineses, dependem  de botões que podem ser accionados por seres desconhecidos?

ANTENA BIOY CASARES (III):

Não se dão conta  de um paralelismo entre o destino dos homens e das imagens?

segunda-feira, 16 de maio de 2011

ACHO MUITO BEM:

Que  a moça tenha progredido. Foi tudo no escrupuloso cumprimento da lei, como no caso das antecipação dos dividendos das grandes empresas, não foi?
Então estejam caladinhos, a lei é a lei, a moral não é para aqui chamada, etc.
EXPLORAÇÃO? QUE IDEIA.

O DN traz hoje uma peça ( link indisponível)  sobre as mulheres de classe média que engrossam as falanges  da prostituição, porque estão sem cheta e desesperadas.
Uma boa notícia para as defensoras da  "prestação de serviços", presumo.
 QUÉ?

- Bioy, o que achas da rotina?
- Nada.
- Mentiroso.  Estás morto e falas comigo.

domingo, 15 de maio de 2011

ANTENA BIOY CASARES (II):

Quem não desconfiaria de uma pessoa que dissesse: " Eu e os meus companheiros somos aparências, somos  uma nova espécie de fotografias."

ANTENA BIOY CASARES (I):

A consciência e as prisões são incompatíveis.
METAPOLÍTICA (VI):

É espantoso  constatar como tantos jornalistas-bloggers-comentadores encartados parecem ter nascido ontem. Vejo-os interpretar a luta entre  os chefes partidários  como se de umas eleições para a associação de estudantes se tratasse.
Estarmos numa situação angustiante, estarmos  em eleições antecipadas, estarmos num quadro de incerteza absoluta -  nada parece impressionar os analistas. Continuam a relativizar a sucessão dos  "pequenos  erros" e   amarrados a uma escatologia da tão querida ( deles) " narrativa" das culpas. 
Com sondagens tão apertadas, as qualidades de liderança fazem a diferença. Já não conta  a caderneta de escuteiro e o atestado de probidade. O medo, o verdadeiro juiz destas eleições, não depende da afirmação deste  ou daquele actor. O medo é o terreno e o líder é o que pisa o terreno.  Será no sentir , mais do que no compreender, que o povo decidirá. Embalando com Valery, sem o medo não há o bem sem o mal que ameaça o bem.
Ora pensem: quem vos parece encaixar melhor nesta descrição?
O CLIMA MAU-MAU:

A revolta Mau-Mau é absolutamente original no quadro das insurgências africanas. Tanto quanto se sabe, não envolveu chineses, soviéticos ou radicais islâmicos. Não compreendo por que motivo não compreendem este meu fascínio.
Robert Ruark e Brian Herne são as minhas fontes habituais, mas,  de vez em quando , um ou outro artigo acrescenta um ponto. É o caso deste, que se foca sobretudo na percepção  política que a  administração colonial desenvolveu, bem como no papel sinalizador que  a revolta desempenhou. O slogan de M'thenge - " Um só de nós é suficiente para fazer ajoelhar o Império Britânico" foi, de facto, o mote para muita coisa no continente.
Não foi só o  carácter local e isolado  das lutas geopolíticas. A mecânica Mau-Mau - e por isso aproveitei uma pequena  parte da essência para a minha também pequena novela, que se passa numa cidade normal dos tempos de hoje - foi um filme de  terror superiormente dirigido  e interpretado. Muitos aspectos haveria a referir, mas deixo o mais importante: os colonos brancos perceberam  que era inútil construir barricadas em redor das fazendas. A morte, através de golpes de pangas ou de balas disparadas  por arcabuzes artesanais ( davam um post inteiro) e  Stens roubadas aos ingleses, vinha  pela  mão de criados ( cozinheiros, moços de estrebaria, etc)  com muitos anos  de casa. De repente, perfeita.
DEVOLUÇÃO DA CORTESIA:

Uma das muitas lendas que eles inventaram:  o recorde benfiquista  de Hagan ( um campeonato sem derrotas em 72/73 )  só aconteceu porque nesses tempos o Benfica dominava a arbitragem

sábado, 14 de maio de 2011

DUAS VELOCIDADES:

A edição ( D.Quixote, 1971)  é acarinhada. Começa porque o exemplar  está dedicado ao meu pai, com quem Carlos de Oliveira manteve uma relação de quase amizade. Depois, porque a capa é de Lima de Freitas e as fotografias são de Augusto Cabrita. O Aprendiz de  Feiticeiro reúne dezenas de escritos vários ( é lá que podemos  ler a reportagem que Oliveira faz do funeral de Afonso Duarte, esse esquecido que já foi lembrado aqui no Mau-Mau).
A página tantas: Escreve-se sempre num ponto morto, entre duas velocidades: a que se extinguiu e a que vai surgir. Isto para desbobinar sinónimos:  a pausa é a morte aparente que é a vida fingida que é a criação literária.
METAPOLÍTICA (V):

Bem, deveria ser o VI, mas o Blogger não deixou. Adiante, com notas atrasadas e outras apagadas:

1) Na metapolítica  interessa-nos o despeito: já repararam  que de cada vez que dizem "num país civilizado, Sócrates  seria riscado eleitoralmente", arriscam-se a ficar com uma nação  de ganguelas nas mãos? Mais: se assim acontecer, andaram então   a fazer campanha  para um povo de canibais.

2) Passos Coelho esteve muito desconfortável no debate com Paulo Portas.  Sempre inclinado para  a frente, traduzindo expectativa excessiva e o hábito de ser instruído. A certa altura deixou de sorrir, o que interpretei como sinal de risco. Em comunicação, quando abandonamos  a nosso ritual  simbólico  é sinal de  que estamos  inseguros acerca da vantagem retórica do mesmo.

3) Quando escutamos  o dr. Catroga não necessitamos  de o ver. Catroga é  plano, raso, em sede de influência . O que diz , para o bem e para o mal, é suficiente.  Sócrates é o inverso: a sua força comunicacional, verdadeiro pathos ( porque desencadeia alterações de humor na plateia) vem da imagem. 
As frases de Sócrates - quase sempre as mesmas, o que transtorna os adversários -, a sua combinação, são o que Broch chamava unidades superiores. A "narrativa", que os jornalistas e comentadores agora usam até para puxar o brilho aos sapatos, não é para aqui chamada. Não há narrativa  nenhuma, porque as unidades superiores são apenas elementos de ligação acumulados: provocaram uma crise política é independente de defender o estado social. De certa forma, uma acção de guerrilha, sem centro e sem flancos.
ENFIM:

O Blogger apagou vários posts. Vou ver se consigo recuperá-los.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

MADAGÁSCAR:

Pedro Mexia usa bruxuleante em poesia. Pior do que um cliché, é um cliché necessário.
Saio do livro como o amigo de Fourier sai da casa da amante: a cantarolar  não há nada mais belo do que  a minha mulher.
METAPOLÍTICA (IV):

Graças a Sócrates, ficámos  a saber que para o Bloco o  problema de Portugal é a burguesia.
Estas conversas sabem-me bem. Como dizia o mestre Bioy Casares ( vai ter uma antena aqui no Mau-Mau para compensar o lusitano desprezo a que é votado ) , a intimidade é comentar o mundo.
METAPOLÍTICA (III):

Sócrates é sério. Nos debates, exceptuando PCP E BE, que, se o país  estivesse sentado em cima de um lençol de petróleo continuariam a  afivelar o ar de vítimas da fome, Sócrates  é o único que exibe uma linguagem corporal comprometida. Portas ri-se muito, parece  estar  num chá de tias; Passos sorri-se muito, parece estar no alfaiate.



terça-feira, 10 de maio de 2011

Y PUEBLO MISMO:

Unamuno a Pascoaes, Setembro de 1908:

"No les falta a ustedes hombres, lo que les falta es cohesión, espírutu de solidaridad, fe en sí mesmos y en su pueblo y pueblo mismo."

METAPOLÍTICA (II):

Droit au but, porque é assunto de claques.
Por exemplo, nos blogues: os apoiantes de Passos Coelho dirão sempre que ele ganhou os debates, os apoiantes de Sócrates dirão sempre que ele ganhou os debates. Aconteça o que acontecer.
No outro lado. Quando Carrilho fulmina Sócrates ( sim, marcação ao homem), é um corajoso independente;  quando Santana Lopes  bica o PSD, é um idiota útil.
É tudo tão estúpido que chega a ser perfeito.
METAPOLÍTICA (I):

Quando vemos  dois  partidos que nutriram  as gorduras do Estado, que as empregaram como capital político e que as encararam como um lugar de trânsito para mercadorias avariadas ( o Soren não se importa que use a sua fórmula), prometer que as vão retalhar, um cidadão sente-se, por momentos, um ser superior.

SAFARILAND (I):

George Six. Conheço a história de muitas personagens do mundo dos white-hunters do século passsado e  a de George Six é uma das melhores *. Saiu de Londres como médico  e foi para  a Tanganica ( actual Tanzânia), provavelmente em 1951 ou 1923,   com  a intenção de  se tornar agricultor. Abriu  uma loja de armas em Arusha e comprou uma  herdade em Kiru Valley. Infelizmente, a tripassonomíase ( tse-tse) infestava a região e , em vez de gado, a terra fervilhava de búfalos , elefantes e rinocerontes. Num ápice  tornou-se  amigo de famosos caçadores como Stan Lawrence e Jacky Hamman e aprendeu a caçar. Tão depressa  retirava um apêndice como consertava um motor diesel ou dizia o nome científico de um peixe.
Six falava inglês, francês, swahili, espanhol e alemão ( tinha sido criado e viajado por uma família ligada às artes e ao cinema). Em 1956, recebeu em Arusha a amiga Leni Riefensthal, que queria fazer um documentário sobre ao comércio  de escravos na África Oriental ( o Scharwz Fracht ou Black Cargo) . É normal os glorificadores de exterminadores de judeus terem esta ternura por outro povos. Numa das deslocações,  tiveram um acidente de jipe em Garissa Bridge, nas margens do Lago Tana. Leni  ficou ferida, foi recuperar à Alemanha  e regressou para acabar o filme. Mais tarde, o socialismo tanazaniano nacionalizou as grandes herdades e a de Six ficou ao abandono.  Ainda assim, aceitou um convite do governo para desenhar aldeamentos turístico-cinegéticos  no Serengeti. Foi viver para Dar es Salaam e casou outra vez, desta feita com uma americana de origem irlandesa. Em 1980, não aguentou o novo fôlego marxista tanzaniano e emigrou para os EUA,  onde acabou os  dias a projectar jardins aquáticos em Raleigh, Carolina do Norte.

* com a ajuda inestimável de Brian Herne.

domingo, 8 de maio de 2011

COZINHA (VII):


Vejo com satisfação o reconhecimento publicitário do pescado  português. José Bento dos Santos lançou a campanha, outros  se seguirão. Talvez os pseudo-mestres , os da sensação de ovo escalfado com risotto de salmão aprendam alguma coisa. A forma como é tratado o peixe da costa nos botequins  da  maioria dos wannabes faz-me sempre  lembrar a Carne com Batatas à Almeida das Pêtas. Os Makavenkos gozavam com a famosa  receita de Francisco de Almeida,  que mais não era do que ...carne com batatas.
O camarão da costa, por exemplo, já não faz rissóis. Já provaram um arroz de camarão da costa?  Pois não sabem o que perdem. A preguiça e a ignorância afastaram estes dois aproveitamentos. Dão muito trabalho.
O robalo ( a maior parte das vezes ressequido e apimentado), os omnipresentes e enfadonhos   filetes de peixe-galo, o atum-do Mediterrâneo apenas corado,  Já um arroz de sardinha, o carolino derretido na cebola e nos pimentos,  sustentando as lindas decepadas e escaladas - fica mal em mesa de patos-bravos.
Nem sempre  a tradição. Muitos percebes, percebem? Tantos, que não se lembram de os juntar num gaspacho sem tomate, apenas o caldo coado e arrefecido da fervura dos capítulos ( a unha) , acomodando  os orgãos reprodutores femininos segados. O conjunto é  perfumado com um dente  de alho e, se me permitem, um cheirinho de rosmaninho cuja secura  combina bem com as cornucópias rochosas.  Serve com tostas azeitadas  de pão de Vila do Bispo.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

FÉNIX:

Nunca desesperar, nunca renegar. Nas paixões temos de ser  racionais. Precisamos mais delas do que elas de nós.
Cheguei à garagem já estava nos descontos. Vou no elevador e imagino  ouvir um gooooooooolo sumido mas persistente. Um vizinho benfiquista, talvez a ver o jogo com o filho e  com o rádio aos berros. O elevador parou e fez- se silêncio. Baixei a cabeça e procurei as chaves de casa. Nem por um momento me passou pela cabeça que o golo, afinal um silvo do elevador,  pudesse ser do Braga. Isto é a paixão.
O que imagino a frio é um futuro. Se desprezarmos o poder do adversário,  acabamos a ferros; se ignorarmos o que somos, não passamos de carrascos. Repito-me:

1) Um presidente do Benfica. Nascido e criado no Benfica e não em casa de  presidentes de terceiros. Um presidente que saiba pensar, falar e  articular ideias. Pessoas inteligentes tomam frequentemente boas decisões.
Para fazer de caixeiro-viajante e negociar com a banca, há muitos profissionais disponíveis.

2) Um presidente brutal. Defender o clube significa por vezes ter de engolir o orgulho, dar o braço a torcer, recuar. Não se gere o Benfica como uma oficina de pneus. A bem dizer, não se gere o Benfica: defende-se o Benfica. O clube não existe para alimentar a fome de  prestígio ou o sentimento de inferioridade social.
Um presidente assim tenderá a rodear-se de pessoas  que o afrontarão se ele puser em causa o Benfica. São os melhores tenentes e não são papagaios que dão palpites para os jornais à  primeira contrariedade.

3) Uma equipa técnica de benfiquistas. No situação actual do clube tem de ser assim. Principal qualidade a seguir ao benfiquismo: saber liderar. Não me digam que não encontram ninguém.
Isto é crucial porque não podemos voltar a ter  um treinador brilhante, mas  que põe a sua carreira e conta bancária à frente do Benfica.

4) Os pontos  1, 2 e 3 são requisitos fáceis de preencher. Basta encontrar um presidente e uma equipa técnica que saibam que não vão ganhar nada para o ano e  que se estejam nas tintas para isso.



quinta-feira, 5 de maio de 2011

SANTOS,  CAVALOS & FRANGOS:

1) Este senhor, que, se não estou em erro, arbitrou  o jogo ( particular, notem)de festa de despedida do velho estádio das Antas e que foi acusado pela infame direcção do dr. Ricardo Costa e depois absolvido pela nossa eficaz máquina judicial, voltou a ser apanhado.

2) O jornal do FCP ( e, res extensa, do Braga)  titulava ontem a opinião do especialista em direito deportivo, o dr. Meirim, segundo a qual  um  envelope enfiado debaixo da porta do árbitro não é coacção,  porque fotografias não são coacção. Claro, a  cabeça de cavalo enfiada debaixo do lençóis também não continha qualquer ameaça ( excepto para os cavalos). Arquive-se.

3) Hoje vamos  ao Braga, clube que afinal "sabe receber os adversários" segundo o sr. Salvador ( as maravilhas que uma organização internacional de futebol desencadeia).  E vamos com um frango  a número 1. 
A couraça, adquirida nestas e noutras lides, é dura, mas há uma coisa , uma única coisa que me tem conseguido irritar a ponto de não apreciar a açorda de bacalhau: uma época inteira a tentarem negar a evidência. 
Se até nisto julgam possível tomar  os benfiquistas como imbecis, o que não conseguirão em outros assuntos longe dos holofotes?

quarta-feira, 4 de maio de 2011

PASCOAES E A SITUAÇÃO:

Somos tremendistas ou somos  o que somos? Em Outubro de 1908, de Amarante, escrevia ele a Unamuno:

(...) N'este momento, Portugal  é um mysterio. É  impossível a gente  calcular o que virá a ser d'elle. É  uma Patria que a noite envolve,  entregue aos morcegos e às aves agoureiras. Aqui, não se vê um palmo adeante do nariz; é tudo confusão e sombra."


terça-feira, 3 de maio de 2011

UMA ESQUECIDA:

Está viva mas pouco lhe ligam. Maria Alberta Menéres. Prolixa em literatura infantil ( dezenas de títulos)  e organizadora ( com Ernesto de  Melo e Castro)  das Antologias ( da novíssima poesia portuguesa)  nos anos 50, 60 e 70. Traduziu Perrault ( não sei  se é a edição que tenho, está perdida no meio da confusão da mudança  de casa) e adaptou Fernão Mendes Pinto para a linguagem actual. É descrita como compagnon de route do surrealismo ( colaborou com Cesariny), mas deixo isso para os críticos. Tem coisas enfadonhas  e banais ( abusa de árvores, náufragos,  incêndios e outras pestilências) , coisas justas ( quase todo Os Mosquitos de Suburna)  e outras muito boas. Como esta:

E uma letra início de tormenta
ou palavra destino de viagem.
E não chegamos nunca ao rosa-mar
nem esta solidão chega a ser vício.

( O Robot Sensível, 1961)

domingo, 1 de maio de 2011

Frango de Roberto no Olhanense 1 - Benfica 1 Jornada 28 01/05/11



Um dia, esta gente,  que o contratou, mas sobretudo que o põe ( e manda pôr) a jogar, há-de ser julgada em tribunal.
Não lhes bastou dar nove pontos de avanço ao Porto logo no início da Liga, não lhes bastou semear ofertas em várias competições, não lhes bastou desmoralizar uma equipa.
Querem mais, os traidores.